"Papo reto n.° 02 de 2019
Ministra Damares Alves,
a senhora não sabe que "me" economizo de falar sobre política em redes sociais; não porque eu ache desimportante e sim porque as pessoas andam muito raivosas e quero, cada vez mais, me abastecer daquilo que edifica.
Aproveito para deixar claríssima a informação de que não sou petista e que, portanto, meu discurso não tem a ver com ideologia politico-partidária.
Feitas as considerações, venho hoje, no terceiro dia do ano, fazer uma pergunta simples e bastante objetiva:
- Há mães dentre seus evangelizados que possuem filhos gays?
Caso não tenha, peço o endereço de seu ministério evangélico, de modo que eu possa presenciar caso raro.
Senhora, para início de conversa, gostaria de lhe dizer que somos MULHERES. Fomos (e continuamos sendo) demasiadamente julgadas, importunadas, discriminadas, desconsideradas, esfaqueadas e mortas.
Como mulher adulta na condição de heterossexual, o seu discurso talvez não me atingisse, mas, não me limito à questão da minha privacidade sexual, por isso me incomodo.
Sua fala, senhora, me atinge como mulher e mesmo sendo branca, heterossexual e com alto nível de escolaridade; ou seja, privilegiada (e sinto vergonha em usar esse termo), me sinto no dever de lhe dizer que centenas de milhares de pessoas morrem no mundo até hoje por descuido da racionalidade.
Trabalho para mulheres que são humilhadas, emocional e fisicamente. Vamos fazer alguma política pública que possibilite a dignidade da pessoa humana. Pessoa. Humana.
O que alguém faz na sua casa e na sua cama não compete a ninguém - menos ainda ao poder político do estado, que a ninguém exime de pagar impostos. Pagamos todos, independentemente de qualquer condição.
Namastê!
Com respeito e gratidão,
Cláudia Dornelles"
beijos e carinho, bell