"Estou triste. Eu às vezes sinto como se ninguém estivesse se importando comigo.
E como se eu fosse alguém que despertasse incômodos. Talvez eu seja. Talvez seja tudo coisa da minha imaginação.
Tenho medo de me expressar. Quando me expresso eu me julgo.
Digo para mim “Não diga isso.” Eu tenho medo do erro, ter medo do erro é sentir uma insegurança enraizada.
É um dia difícil como outros dias foram difíceis. Me sinto profundamente sozinho e incapaz de sair de mim. Parece que falo outro idioma. A minha língua me sufoca. Eu inspiro e respiro.
Não passa tão rápido quanto eu gostaria. Tenho dificuldade de confiar respostas a alguém e de me abrir.
É difícil, porque eu acho que do outro lado há um juiz implacável.
Talvez eu esteja me vendo no espelho. Eu sou meu juiz implacável.
Mas a voz de outros também são. Não estou com raiva de ninguém, nem revoltado, estou triste.
Uma tristeza conformada. E escrevo pra alguém. Se você for esse alguém, por favor, aqui estou eu. Também estou triste. E me sentindo sozinho. Posso acompanhar a sua solidão?
É uma dia difícil, como outros dias são difíceis. Não é o primeiro, nem será o último. Não vai dar tudo certo, entenda.
Mas vai dar tudo. Tudo é muita coisa. Tudo é muito mais que certo. É melhor dar tudo do que certo. Porque dentro de tudo há milhares de coisas melhores e mais úteis do que o “certo”.
Meu peito, meus braços, minhas pernas, tudo é água e saudade. Você sente saudades de você mesmo? De outra pessoa que você foi dentro da pessoa que você é? Não tem volta não. Já somos outros e seremos pessoas inéditas daqui pra frente.
Eu estava triste e escrevi esta carta cafona. Mas sinceramente, quem não se permite cafonices ou é feito de pedra ou é feito de besta."
beijos e carinho, bell