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registro: 04/10/2016
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Último jogo

se te agarro com outra eu.... ****

bom dia!

que seja doce...

se te agarro com outro eu te mato, te mando algumas flores e depois escapo - Sidney Magal

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Você já percebeu que muitas músicas reproduzem discursos machistas e reafirmam a violência contra as mulheres? nos tratam como objetos!
Nietzsche dizia que “sem a música a vida seria um erro” ou que “não podemos acreditar em um Deus que não saiba dançar”
Em épocas do “ politicamente correto” e da luta pela "não violência contra as mulheres", trago exemplos de músicas de todas as épocas que propagam preconceitos e violências...
 
“Maria Chiquinha”, cantada pela dupla Sandy & Júnior.
A música tem uma melodia gostosa, é engraçadinha, mas talvez poucas pessoas pararam para ver do que realmente ela trata.

É simples:

Maria Chiquinha era casada com Genaro, a quem ela carinhosamente chamava de “meu bem”. Acontece que a Maria andava se perdendo pelos matos e Genaro desconfiou. Genaro perguntava:
- Que cocê foi fazer no mato, Maria Chiquinha? Quem é que tava lá com você?
Ela respondia:
- Eu precisava cortar lenha, Genaro, meu bem; e eu estava com Sinhá Dona.
Genaro, malandro que era, dizia:
- Eu nunca vi mulher de bigode, Maria Chiquinha!
E assim a briga estava formada e..., como quase sempre, acaba feio para a mulher. Maria Chiquinha caiu na mentira, pois esta tem perna curta, e escutou de Genaro – o homem a quem ela chamava de “meu bem”:
- Eu vou te cortar a cabeça, Maria Chiquinha!
Assustada, ela pergunta:
- E o que você vai fazer com o resto?
- O resto? Pode deixar que eu aproveito! Disse Genaro.

Que enredo bizarro, hein? Um homicídio qualificado por meio cruel (CP. 121, § 2º, III) e que foi motivado por ciúme – palavra cujas origem remete ao vocábulo grego zelos, o qual significa fervor, calor, ardor ou intenso desejo.
É verdade: ciúme todo mundo tem.
Freud dizia que “O ciúme é um daqueles estados emocionais, como o luto, que podem ser descritos como normais. Se alguém parece não possuí-lo, justifica-se a inferência de que ele experimentou severa repressão e, consequentemente, desempenha um papel ainda maior em sua vida mental inconsciente.
 
E sabe o que é pior do que a letra? a gente cantava uma música com clara violência doméstica, contra a mulher, com a maior naturalidade e felicidade.

Eu sei que algumas pessoas vão dizer que analisar a música assim é puro vitimismo, que hoje “não se pode mais nem falar nada que a patrulha chega”, e etc... mas pare, olhe e pense: quem reclama que hoje não se pode mais falar nada é justamente quem tinha, antes, o privilégio de ofender impunemente qualquer pessoa. Não estou querendo com isto impedir que pessoas escrevam bobagens e ofendam. 
Defendo o direito do mais estúpido do mundo se manifestar... contanto, claro, que este aceite, sem choro, a crítica dos que são ofendidos e não mais se calam.
São muitas as músicas que abordam, sem cerimônia, comportamentos sexistas e casos de feminicídio.

Alguns exemplos de músicas de todos os tempos:

"Piranha" - Autor: Bezerra da Silva
"Eu só sei que a mulher que engana o homem merece ser presa na colônia,
orelha cortada, cabeça raspada,
carregando pedra pra passar vergonha".

 "Vidinha de balada" - Autor: Henrique e Juliano
"Desculpa a visita, eu só vim te falar
To a fim de você
E se não tiver, cê vai ter que ficar...
Vai namorar comigo sim (…) Se reclamar, cê vai casar também”.

 "Silvia" - Autor: Camisa de Vênus
"Todo homem que sabe o que quer,
pega o pau pra bater na mulher".

"Pau Que Nasce Torto/ Melô do Tchan" - Autor: É o Tchan
"Tudo o que é perfeito a gente pega pelo braço,
joga lá no meio mete em cima e mete em baixo...
depois de 9 meses você vê o resultado".

"Surubinha de leve" - Autor: Mc Diguinho
"Só surubinha de leve com essas filha da p***
Taca bebida
Depois taca a pica e abandona na rua".
 
"Ajoelha e Chora" - Autor: Grupo Tradição
"Ajoelha e chora, quando mais eu passo o laço muito mais ela me adora".

"O que é que eu dou?" - Autor: Jorge Veiga
"Sempre de cara amarrada, será que ela quer pancada?
É só o que lhe falta dar! Ela quer apanhar!"

"Bandida" - Autor: Mc Livinho
"Eu já sei o que fazer, vamos acabar com a raça dessa mina".

"Cabocla Tereza" - Autor: Tonico e Tinoco
“Agora já me vinguei
 É esse o fim de um amor
Essa cabocla eu matei
 É a minha história, doutor”.

"Pagode" - Autor: Tião Carreiro e Pardinho
"Eu fui na feira com dois tostão
Eu comprei arroz eu comprei feijão
Comprei açúcar comprei canela comprei
Um chicote que é pra bater nela".

Bruto, rústico e sistemático" - Autor: João Carreiro e Capataz
“Na muié eu dei um jeito
Corretivo do meu modo
No quarto deixei trancada. quinze dias aprisionada
 E com ela não incomodo”.

“Vai faz a fila” - Autor: Mc Denny
“Vou socar na tua bu* sem parar
E se você pedir pra mim parar, não vou parar
Porque você que resolveu vir pra base transar”.

"Só um tapinha" - Autor: Bonde do Tigrão
"Um tapinha não dói, só um tapinha".

Loira Burra – Gabriel, O Pensador
“À procura de carro, a procura de dinheiro / O lugar dessas cadelas era mesmo num puteiro (…) Não eu não sou machista, exigente talvez / Mas eu quero mulheres inteligentes, não vocês (…) E pra você me entender, vou ser até mais direto/ Loira burra, você não passa de mulher objeto”

Amiga da minha mulher – Seu Jorge
“Se fosse mulher feia tava tudo certo
Mulher bonita mexe com meu coração”

Mulher não manda em homem – Grupo Vou pro Sereno
“Com tanta roupa suja em casa
Você vive atrás de mim
Mulher foi feita para o tanque
Homem para o botequim”

Mulheres Vulgares – Racionais
“Fique esperto com o mundo e atento com tudo e com nada / Mulheres só querem / preferem o que as favorecem / Dinheiro e posse, te esquecem se não os tiverem”

Mulher Indigesta – Noel Rosa
“Mas que mulher indigesta! (Indigesta!)
Merece um tijolo na testa”

Ai! Que saudade da Amélia – Ataulfo Alves
“Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher…
… Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade”

Se essa mulher fosse minha – Samba de roda
“Se essa mulher fosse minha / Eu tirava do samba já, já / Dava uma surra nela / Que ela gritava: Chega / Chega / Oh meu amor / Eu vou-me embora da roda de samba eu vou”

Minha Nega Na Janela – Germano Mathias
“Minha nega na janela/ Diz que está tirando linha / Êta nega tu é feia / Que parece macaquinha / Olhei pra ela e disse / Vai já pra cozinha / Dei um murro nela / E joguei ela dentro da pia / quem foi que disse que essa nega não cabia?”

Pequena Raimunda (Ramona) – Raimundos
“Feia de cara, mas é boa de bunda
Olhe só é a pequena Raimunda
Se ela tá indo até que dá pra enganar
Se ela tá vindo não é bom nem olhar
Ela de 4 fica maravilhosa
Na 3×4 é horrorosa
Shit, shit pequena Raimunda
Bunda de sonho a cara é um pesadelo”

É preciso, sim, desmascarar toda a arte usada para agredir e perpetuar violência simbólicas ou físicas. Parafraseando  Nietzsche: “sem música a vida seria um erro, mas têm músicas que, por não respeitar a dignidade da vida alheia, são o próprio erro”.

Sempre cantei se te agarro com outro te mato do Sidney Magal, achava brega e engraçada... e não é que eu nunca tinha me ligado na violência brutal da letra!
beijos e carinho, bell

Se te agarro com outro eu te mato, te mando algumas flores e depois escapo...

https://www.youtube.com/watch?v=50mU8ZIiqUw