Ninguém gosta de sentir raiva-ódio... também ninguém escapa de tê-la sentido intensamente pelo menos uma vez. Ela altera o funcionamento normal do organismo e provoca mal estar. Podemos ter aversão a muitas coisas, mas aversão a pessoas guarda um significado especial, porque oferece a possibilidade de nos conhecermos um pouco melhor.
o que nos leva a sentir ódio-raiva de alguém?
Geralmente, uma atitude desagradável desta pessoa. Existe também, é claro, aquela raiva sem razão, uma antipatia aparentemente gratuita por alguém que nunca nos fez nada diretamente. Tem gente que sente raiva de pessoas públicas com tal intensidade, que parece conhecê-las na intimidade. Em todo o caso a raiva nasce sempre de uma visão desagradável, da percepção, ainda que inconsciente – o que explica as aversões sem causa – de algo ruim no outro, pelo menos para quem vê.
Mas tudo o que identificamos no outro passou por um processo decodificador em nossas mentes, organizado a partir da nossa própria experiência. Por exemplo, quando julgamos que uma pessoa foi autoritária provavelmente projetamos nela nosso autoritarismo. A verdade é que se agíssemos como ela seria motivados pelo desejo de mandar e então, concluímos, que é este o desejo dela. Este mecanismo se chama projeção. E se não aceitamos nosso próprio autoritarismo, não admitiremos que ninguém o seja, não sem nos enfurecer bastante. Nem tudo do que discordamos causa raiva. Discordar e odiar não são palavras sinônimas. Não se costuma odiar alguém por uma simples discordância. As raízes da raiva são bem mais profundas.
conhecer nossos aspectos sombrios nos ajuda a reorientar nossa energia
Voltando ao mecanismo da raiva e entendendo os processos mentais, se fizermos uma pergunta a nós mesmos: “O que me aborrece tanto a ponto de me descontrolar?”, ou ainda: “O que me tira do sério?”, encontraremos uma resposta reveladora, desde que sincera.
Quando descobrimos nossa sombra, podemos dominá-la. Ao invés de escondê-la dos outros e de nós mesmos, podemos colocá-la no seu lugar. Quando não a conhecemos, ela tende a aparecer de vez em quando em explosões coléricas, das quais nos arrependemos profundamente, dizendo: “Parece que nem era eu.” E não era! Mas era uma parte do seu ser, ou uma espécie de eu oculto, que estava submerso e se mostrou. O eu que propalamos não é mais que uma parte do nosso ser. É um pedaço, mas não é tudo.
A raiva pode ser, portanto, instrumento de auto-conhecimento. Mas a maioria das pessoas sente muito medo de olhar para si. É preferível ver o mal que há no outro, como se não existisse mal em nós também. Na verdade possuímos ambos os extremos, o bem e o mal, consistindo um desafio permanecer em equilíbrio. Não ser tão bom a ponto de ser tolo ou passivo, nem tão mau a ponto de ser destrutivo.
O ressentimento é a negação de trabalhar com a raiva e com o ódio, é entregar-se à cômoda posição de vítima, é não querer conhecer-se. O pior é que o ressentimento é como um veneno que mata lenta e silenciosamente, causando males profundos.
Daí, fica a nosso encargo escolher como agir quando o outro nos fere: explodir colericamente, engolir o ressentimento, ou transformar a energia da raiva em prol de nós mesmos, refletindo e crescendo.
beijos e carinho, bell
(fonte de pesquisa:papo psi -caroline s.treigher)